pra fazer os outros rir ou debochar da gente. Até os modelos, até os intelectuais de vanguarda e os que se pensam incorruptíveis.
Felizmente ninguém foi fabricado em “perfeitas condições” (=os padrões de Estética do Século XXI). Felizmente existem narizes pontudos (que eu acho lindíssimos e expressivos!) ou “de batatinha”, peles nos mais diversos tons, olhos grandes ou apertadinhos; existe gente alta e baixinha, gordinha e magra, cabelos de toda cor e textura. Igualmente não se podem estabelecer padrões de Ética. Existem mil-e-uma nacionalidades, estilos, histórias, capacidades, dons, culturas, dificuldades, limites, preferências, enganos, princípios, vontades, esquisitices, manias, idades, valores…
Mas os meninos continuarão a identificar aqueles pontinhos que a gente, no fundo no fundo, mais detesta pra nos apontar o dedo e dizer, como na primeira frase do belíssimo livro de Luisa Aguilar e André Neves (Editora Callis, São Paulo), “Orelhas de Borboleta”:
_ A Mara é orelhuda!
Quem se importa? Todo mundo já se importou. Coisa ruim ser julgado. Mas passa. Passa quando percebemos nós mesmos que a opinião dos outros não é tão importante assim. Que só a gente mesma sabe quem é de verdade. Só que isso demora.
Fazem por maldade? Que nada. Fazem porque são meninos.
_Claudia Souza_
15 comentários:
Eu tenho um nariz meio grande e dei a maior sorte dele estar na moda, mas na minha infância, o chique era ter nariz empinadinho. Pior é que a gente nem percebe essas diferenças até que alguém aponta pra elas. A, e isso não é coisa de criança, não...tá assim de adulto espalhando estereótipos por aí...
Olha o que eu ouvi de uma professora de educação infantil:
_Cabelo bom é assim, nem o passador pára.
Ela falou isso elogiando a minha filha, mas logo atrás vinha uma linda cacheadinha...
É, Cibbele, tem adultos que nesse ponto permaneceram meninos rsrs e outros que fazem é por maldade mesmo, julgando sem piedade, botando estereótipos.
eu tenho pavor desse negocio e se fosse mae ia ficar muito zangada se meus filhos fizessem isso. é muito facil julgar os outros ainda mais qdo ta em grupinho. quase ninguém se dispoe a escutar os motivos e entender as razoes dos outros mesmo adultos.
bjao
F.
opa, a proposito do livro ja vi na casa da Claudia e é lindisimo mesmo.
F.
Fefê, é aquela coisa do porco fando do toicinho, né? Porque todo mundo é porco e é toicinho ha ha ha Mas isso é coisa de menino! Não tem nada de repreensível não, são as coisas risíveis da vida.
O livro é espetacular. O texto é muito lindo e as ilustrações impecáveis. O André é muito talentoso. E ótima pessoa, muito generoso e boa praça.
(toucinho, toicinho é mineirismo ha ha ha)
(O recado acima é pra F., não pra Fefê).
Hoje eu fiquei pensando uma coisa. Tá faltando mesmo compaixão e disponibilidade no mundo. Tá certo que as crianças quando fazem esses "coros" não fazem por maldade, mas adultos que se unem em grupo pra julgar ou rir de outros, sem ouvir os motivos como a F. falou, é mesmo outra coisa. Acho que dá sim pra dar uma conversada com a meninada a respeito, pra crescer refletindo sobre isso.
Ci, eu acho o teu nariz lin-do! :-)
Claudinha, muito bonita a sua resenha do livro. Nós o temos em casa e as crianças gostam muito. Algumas vezes já conversamos sobre isto inclusive tomando este livro como base. Nós seres humanos somos estranhos. Vemos sempre nos outros o que nos recusamos a ver em nós mesmos. E sentimos prazer em apontar defeitos e condutas que não apreciamos, com o detalhe sim como vocês disseram que o grupo reforça, como se nunca errássemos ou tivéssemos dificuldades. Minhas filhas agora são quase adolescentes e algumas vezes são vítimas desse tipo de comportamento então lembro a elas de estarem atentas a não fazerem a mesma coisa com as outras meninas. Quando não aprovam alguma atitude das colegas, invez de julgar e condenar a priori, porque não escutar com serenidade sem acusar, não é? Principalmente se se tratam de amigas. E esta história de destacar aspectos físicos umas das outras é horrorosa. Vamos lembrar da anorexia, um dos grandes problemas da adolescência atual.
Estou adorando o blog de vocês.
Um beijo!
Flávia
eu tenho varios livros desse autor em casa. ele é realmente otimo. além de ilustrador é também escritor mas gosto mais dele como ilustrador.
Obrigada, sócia...Atualmente eu estou super de bem com ele...
: *
lembrei de outros livros infantis com temáticas semelhantes:
Pandolfo Pereba - da Eva Furnari, Orelhas de Limão da editora Brinque Book, me esqueci o autor...Tudo bem ser diferente da editora Panda Books...
Em época de bullyng, a temática veio á tona mesmo, né?
Oi,Flavinha! Até que enfim você resolveu comentar aqui, né? Nos acompanha há muito que eu sei!! rsrs Sábias palavras você falou. Beijos e bem-vinda à conversa!
Elvira, são fantásticos mesmo, né?
Ci, ótimas indicações!
Semana passada fui com minhas filhas a uma festa de congado. Éramos as únicas pessoas de pele branca do lugar. As meninas ficaram brincando com as crianças de lá. Hávia algumas meninas com o cabelo cheio de trancinhas, muito bem arrumado. Minhas filhas ficaram encantadas com aquelas tranças e tipo de cabelo. Por outro lado as outras crianças não entendiam como elas tinham o cabelo tão liso. Perguntarm se estavam alisando e se aquilo era bonito. O entrosamento entre as crianças se deu independente de raça ou credo e a festa foi maravilhosa! Muito comum para alguns e extremamente diferente para outros.
Adriana
Ai g-zuis, que saudade das festas de Congado! Fiquei imaginando daqui, a roda de samba, os chocalhos nos pés, o pirão, as crianças brincando... Tinha boi?
Beijos, Dri!
Todas as outras resenhas que ja li deste livro eram meio moralistas. Valeu, Cla. Voce como sempre acima da media.
Regina
Postar um comentário