quinta-feira, 25 de junho de 2009

Separar e acolher. Defender e engolir. Misturar e confinar._ A Crise da Infância


Há algum tempo atrás, quando eu falava aqui sobre aversão a crianças, a Clau me pediu que falasse sobre crianças misturadas demais aos adultos. Em seguida, veio o episódio Maisa pra mostrar como a infância anda mesmo embolada à adultez*. Mais exemplos? A discussão sobre a maioridade penal, a erotização precoce das crianças, os desenhos violentos, saltinhos para meninas, trabalho infantil e prostituição infantil. Durante algum tempo, minhas aulas de filosofia eram na sexta-feira, um dia após um programa sanguinolento-policial da Globo que passa (va) depois da novela das oito. Não havia espaço para outro assunto: as crianças ficavam perturbadas com o que viam.

Tudo isso parece contradizer um outro fenômeno: a eminência da criança-hiper-infantilizada. A criança romântica, idealizada, assexuada e sem conflitos que vemos em alguns canais infantis e o pior, nos pátios, nas ruas, por todo lado. A infância confinada culturalmente (conceito bacana do Edmir Perroti), impedida de dialogar com a cultura adulta. A criança defendida pelos hiperpais.

Não há como negar a complexidade desses eventos e me parece muito reveladora a conclusão de Meurer em sua dissertação de mestrado (já indicada aqui em outra oportunidade) sobre a crise da infância. Por enquanto, essa explicação me satisfaz:

A práxis social não dá garantias da continuidade da infância. Por isso essa categoria vai ser transformada em uma espécie de “instituição da cultura”, quando sua espontaneidade e plenitude revertem-se em objeto de cálculo da indústria cultural. (...) Adorno e Horckeimer, num diagnóstico bem sombrio de nossa época compreenderam que o “exagero convencional” tem como correlato a “frieza emocional".


*Vale pensar porque temos nomes pra infância, a juventude e a velhice, mas não tempos nomes pra falar na condição adulta.
_Cibele _

3 comentários:

Anônimo disse...

Olá Cláudia e Cibele.
Adorei descobrir o blog de vocês!
Estava procurando por Cláudia, que não vejo há uns 8 anos... Ela me plantou a sementinha da Cultura do Brincar quando nos encontramos nas férias de julho, em Arraial do Cabo (lembra Cláudia?)e deixou em mim e nos meus filhos a lembrança de momentos muito alegres, fraternos... Momentos em que pudemos compartilhar a infância de nossos filhos da melhor forma: brincando, conversando, explorando aquela natureza linda de Arraial.

Parabéns para vocês duas. O Quintarola é ótimo.
Saudades, Bel.

Claudia Souza disse...

Tia Bel, não acredito! Que saudade!! SE me lembro, é claro que me lembro, foram férias maravilhosas aquelas que a gente passou junto. Como faço pra fazer contato com você, teu telefone ainda é o mesmo? SAUDADE! Beijos na meni...ops! na moçada que já devem estar grandes igual o meu! Beijo especial pra você!

cibele disse...

Olá Bel, Que bom que vc gostou do Quintarola, Volte sempre!

 
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